quinta-feira, 20 de março de 2014

O preço da "bolacha"

Não é mesmo de se esperar que um casal maduro, que tenha vivido um terço de suas vidas juntos, brigue por coisa atoa, mas Juliana e Márcio já não andavam se bicando de uns tempos pra cá.
Ouvi a vizinha dizer que na semana passada os dois esqueceram a pequena Clara, de apenas nove anos, na escola. Brigaram sei lá por qual motivo e não combinaram quem a buscaria. Coitada da menina.
"A coisa devia tá preta", comentou tio José enquanto a gente assistia o noticiário que divulgava a história do casal que se desfez. Na minha opinião, eles até que formavam um casal simpático. Ela sempre muito bem arrumada e maquiada, ele perfumado com essências famosas, carro na garagem, filha em escola cara, e imagino até que deviam estar planejando outro herdeiro. Mas é claro que a velha máxima do "sei lá o que, marido e mulher, não se enfia a colher" faz sentido. Eu é que não botava minha mão no fogo pra dizer que eram realmente felizes. Ser "bem de vida" nunca significou ser feliz. Ainda mais na vida à dois.
Sei não, mas eu já morei com outras pessoas, e olha que nunca assinei papel com elas na frente de padre, mas tinha dia que eu queria mesmo era ficar sozinha. Somos todos muito diferentes. Meu antigo namorado, o Carlos Henrique, é que o diga. Nós não chegamos ao ponto da Juliana com o Márcio, mas por vezes era discussão atrás de discordância. Terminamos do dia em que ele decidiu que o melhor lugar do mundo é o Acre e se mandou. Foi tarde. Eu é que não ia viver naquele calor com ele.

Mas voltando ao caso dos vizinhos: hoje de manhã deu no noticiário local que uma mulher atirou no marido, e descobrimos que eram eles. Não sei se tinha rolado algo no meio do dia, mas a vizinha dos fundos que deu entrevista afirmou com toda certeza que ouviu o seguinte diálogo por volta das 18 horas:

Ela: _ A Clara precisa comer, pega lá os biscoitos.
Ele: _ É bolacha.
Ela: _ Biscoitos!
Ele: _ Bolacha!
Ela: _ É BIS-COI-TO!

E ouviu-se um tiro e o grito dele. A vizinhança curiosa correu pra ver, mas foi só um tiro na perna. Chamaram a emergência e ele foi embora pro hospital.
Ela já prestou depoimento, mas não sei mesmo o que vai acontecer. Achei um absurdo tudo isso, e justo na frente da filha!

A moral da história é que agora ele aprendeu que o nome correto é "biscoito".  


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