sábado, 22 de março de 2014

O Palhaço

A tristeza nunca foi destaque na vida de Bruno. Ele sabia desde cedo, aprendendo com o pai que seja lá o que a vida significa, seja qual for o motivo de estarmos aqui (se é que existe um), nada inclui a ser triste.
Sentir-se bem enquanto estamos aqui é fazer bom proveito de todo esse tempo.
Mas Bruno sabia que poucas pessoas pensam assim, e quando pensam, não praticam tal teoria no cotidiano. Então ele, depois de formar-se advogado, decidiu que levaria alegria de uma forma simples e fez-se um incrível palhaço. Porém, nada de praça ou picadeiro. Bruno investiu na carreira hospitalar. Visitou todo tipo de doente e conseguia, com palavras doces, fazer com que aquelas pessoas tristes, nem que por um segundo, sorrissem por coisa boba. Foi, aos poucos, deixando sua primeira profissão de lado e compreendendo o sentido de tudo.
Quando o conheci, eu estava deitada na enfermaria 3 do hospital Márcio Cunha, com as duas pernas quebradas. Sozinho, vestido à caráter e com um nariz vermelho, simples, respondeu a pergunta da senhora deitada ao meu lado de uma forma que jamais esquecerei:
_ Palhacinho, ei, palhacinho! Por que estás aqui? Qual o teu salário?
_ Não recebo salário não, minha senhora. O meu pagamento é a satisfação em mostrar às pessoas que sorrir é um dos maiores bens que temos nessa vida.



Esta história fictícia é uma homenagem da autora ao projeto HAART (Humanização da Assistência através das Artes), do qual recebeu uma homenagem na noite de ontem. O projeto da escola de medicina da Universidade Federal de Ouro Preto forma jovens "Doutores de Alegria" e pessoas conscientes de que fazer o próximo feliz é uma das melhores formas de ser feliz também.





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