sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cotidiano

Tenho exatamente 15 minutos para tirar esse texto do papel.

"Respirar parece uma coisa óbvia, mas você não está se sentindo melhor agora? Respire fundo mais uma vez, inspire bem profundamente pelo nariz, e sinta o peito subir. Segure a respiração por alguns segundos depois solte o ar superdevagar. O.k., então vamos continuar."
(1 página de cada vez - um diário diferente)

Continuar. Muitas vezes exige tanto de mim e ao mesmo tempo é algo tão natural.
Tem dias que eu acordo e fecho os olhos de novo torcendo inutilmente para o tempo voltar ou pra voltar naquele sonho maneiro. Hoje eu os apertei bem e lembrei que algumas coisas mudaram essa semana. Lembrei que fiquei mal e tive que recorrer ao poder da amizade. Lembrei que é inútil lutar quando algo não é seu de verdade. Que é preciso deixar bons momentos pra trás. E eles naturalmente ficam pra trás. Cinco minutos depois o despertador lembra mais uma vez que simplesmente preciso me levantar. Mais um dia nasceu. Aprecie o poder da vitamina D. Prossiga.
"ANDA, LEVANTA!"
"Ok, ok, já estou de pé. E agora, o que eu faço?" - travo um autodiálogo
"Vai tomar um banho. Ei, não esquece do perfume. Ore antes de sair."
Lavo a louça, a roupa, o banheiro. Vou à mercearia da esquina. Faço o almoço, passo a roupa.
"A maquiagem está bem ali, viu? Ali oh..."
Ouço mais uma vez aquela música.
Vejo a conta de luz esperando ao lado do forno elétrico que ainda não foi comprado.
"Tudo bem, ela não venceu."
"E agora?"
"Agora desce e espera o ônibus. Você ganha bônus se não se atrasar para o trabalho, lembra?"
Certo.
Ligo a música nos fones de ouvido e, como num passe de mágica, aqui estou eu, continuando.

- Terminei o texto em 11 minutos e além de continuar, percebo que ainda estou no controle -

Viu? Você não vai me fazer tanta falta assim.