quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Universidade Federal de Ouro Planeta

"Do lado de cá eu vivo tranquila e o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar..."

Foram quase cinco anos. 

Cinco anos decifrando as ladeiras dessa cidade tão carregada de mistério e me perdendo e me encontrando dentro das minhas próprias ladeiras. Cheguei para cursar a tão sonhada Universidade Federal. Cheguei para "finalmente" sair de casa. Cheguei menina ainda, com uma mala de roupas e uma caixa de suprimentos alimentares. Cheguei de moletom, tênis e travesseiro. Precisei tirar coragem do fundo da alma pra enfrentar cada novo obstáculo e cada novo olhar. Fiz amigos. Ri até a barriga doer. Aprendi o que é conviver. Dividi sofá, cama, guarda-roupa e alegrias. Aprendi a não ter hora pra voltar pra casa. A ter cuidado. A pedir mais uma rodada. Tive que enfrentar o mofo com antialérgicos e chás de alho. Enfrentei o medo ao não mostrar o que sinto. Enfrentei também a neblina, a chuva e o sol, todos em um só dia. Perdi a hora, a matéria, perdi amores. Ganhei mais um minuto, conhecimento e paixões. Ganhei um novo nome, um novo jeito, uma nova personalidade. Eu vi filmes de terror, de comédia, de romance. Li ficção, aventura e quadrinhos. Chorei lágrimas de saudade. Aprendi a lavar roupa, banheiro e varanda. Entendi que a República Serena não era só uma casa para dividir contas e sim uma família para cuidar e cultivar sempre. Liguei pra minha mãe, pro meu pai e pros amigos então distantes. Amei todos que deixei pra trás, inclusive quem também me deixou. Amei os que tinha por perto e os que se faziam sempre presentes. Abracei forte. Olhei nos olhos e desviei olhares. Dormi sem ter hora pra acordar. Dormi só uma hora pra descansar. Não dormi...


Entendi o que é passar vontade e o que é saciar uma vontade. Liguei chorando e pedindo pra voltar. Liguei sorrindo dizendo que tudo ia bem. Amei amores inexplicáveis e vi muita coisa maluca por aí. Me distraí. Me concentrei. Me amei e me odiei. Lidei com a mais  silenciosa solidão e com a multidão tumultuada. Vi e revi valores. Extravagâncias e minimalismos. Vivi cada segundo, pedindo para que a noite não terminasse. Me frustrei cada minuto, implorando para que tudo se acabasse logo. Convivi e me deparei com o máximo e o mínimo de mim e dos que escolhi para estar junto. Amei e odiei pessoas. Entendi com o passar do tempo que crescer dói, mas que é inevitável fazê-lo. Aprendi que devo e posso dar cada passo com um sorriso no rosto, de peito aberto e cabeça erguida. Que nem sempre o tempo cura de verdade e que é preciso muito tempo para entender isso. Me superei e sorri para coisas que só eu compreendia. Ouvi desabafos e desabafei. Estudei, escrevi, cozinhei, dancei e cantei. Comi e bebi coisas pela primeira vez, ouvi músicas novas, experimentei sensações que até então só ouvia falar e conversei com pessoas de todos os lugares do mundo. Trabalhei e tive a indescritível sensação de pagar com meu próprio dinheiro e de finalmente dar o valor correto ao que me foi dado até então.
Entendi que só quando temos nossos pais longe é que os valorizamos verdadeiramente. O amor é o mesmo, mas o valor é inestimável e o crescimento doloroso sem eles por perto. (Aliás, pai e mãe, muito obrigada por tudo!)


Durante quase cinco anos eu aprendi, definitivamente, que a felicidade não é um lugar a se chegar e sim um caminho a percorrer. Que amar é fantástico e sofrer, muitas vezes inevitável. Que é preciso dar valor ao que sou e ao que faço por mim antes de me arriscar em fazer algo por alguém que penso gostar. E é preciso também muita coragem para cuidar de alguém e demonstrar sentimentos verdadeiros.

Hoje, mais uma vez precisarei deixar pra trás coisas que construí, pessoas que conquistei e lugares que me encantei para partir em busca de mais uma jornada.
Ouro Preto deixará uma saudade imensurável e a certeza de que voltarei sempre de coração aberto.
A gratidão por essa cidade e por todas as pessoas que passaram pelo meu caminho transparecerá a cada novo passo dado e a cada obstáculo enfrentado.
Nem tudo foram ou serão flores, mas continuarei regando o meu jardim da melhor maneira possível.

Muito obrigada Ouro Preto, por fazer da minha, mais uma história prazerosa de se ouvir e de se contar.

"Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem, essa é a coisa mais pura!"


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Na gaveta

Em meio ao caos da minha última mudança encontrei uma carta que te escrevi há mais ou menos três anos atrás. Fiquei me perguntando se teria feito diferença a entrega. Eu costumo gostar que leiam tudo o que escrevo. Mas aquela, ah! Aquela  carta não podia ser vista por ninguém... já pensou se alguém descobre que eu estava começando a me apaixonar?! Jamais! Precisava manter minha pose de durona e ainda tenho tal necessidade. Mas sabe de uma coisa? Eu gostaria muito de estar vivendo os planos que fiz naquela carta. Não eram planos muito complexos não. Só queria pegar na sua mão, sorrir e conversar sobre assuntos bestas em noites de domingo. Era bem simples até. Eu fico me perguntando se fez diferença ter escondido tudo de você. Não ter aberto o jogo na hora certa e ainda disfarçar até hoje quando deixo meu olhar se demorar sobre você. Fico me perguntando se teríamos sido melhores do que fomos e ainda somos. 

Sabe, ontem eu senti esperança de novo. Esperança de mudar, de sair do lugar, de encarar o novo. Mas aí eu percebi que, em muitas noites, quando eu te encontrava, eu sentia isso. Eu tive mesmo muitos dias de esperança em ter você mais perto e de um modo diferente. Mas o tempo passou. As coisas estão mudando com uma certa velocidade e nós nunca saberemos ao certo o que a vida nos reserva, não é verdade? Queria voltar à aquela carta e tentar viver todos aqueles planos, rapaz. Queria te mostrar como minhas intenções eram legais. Como poderíamos ter vivido grandes momentos nos olhando outra forma.

Hoje, o que eu quero mesmo é tentar ser feliz comigo. Percebo que não há felicidade sem auto aceitação. Tenho lido bastante, como você bem sabe. Vejo filmes e ouço as músicas que mais agradam meus ouvidos. Gostaria de contar que tenho vivido bons momentos com a minha própria pessoa mas que, se ainda der tempo, te aceito aqui do lado.

A carta ficou na gaveta, ainda sem perspectiva de entrega (quem sabe se você pedir com jeito?). Os planos com você estão lá também. Minha mala está pronta e minha alma inquieta por mudança. Faz um trato comigo? Se eu tiver que partir, não deixa o que sinto por você ficar aqui. Faça com que eu o leve comigo aonde for. E assim, quando a vida nos fizer o favor de organizar as coisas, nós seremos felizes. Como amigos, como amantes, como meros conhecidos. Não importa... Com tanto que não fiquemos na gaveta como aquela carta brega que um dia eu te escrevi.


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

My Wish [Book] List

Falta menos de um mês para o meu aniversário (16/14) eu tenho uma pequena e humilde lista de desejos (mesmo que nem metade vá se realizar)! Livros, livros e mais livros. Alguns eu me darei de presente, outros eu vou pedir humildemente aos meus queridos amigos haha. Vamos ao meu pequeno acervo desejável e recomendável:


Dr. Sono - Stephen King - Mais de trinta anos depois, Stephen King revela a seus leitores o que aconteceu a Danny Torrance, o garoto no centro de O Iluminado, depois de sua terrível experiência no Overlook Hotel. MAL POSSO ESPERAR *-*

Morte Súbita - J.K. Rowling - O livro se passa em um vilarejo fictício da Inglaterra, Pagford. Já no início do livro Barry Fairbrother um integrante do concelho do vilarejo e uma pessoa muito querida por todos- morre, essa "morte súbita" muda completamente o cotidiano dos cidadãos. Já que o falecido deixou uma vacância (vaga) no concelho do vilarejo...

Garota Exemplar - Gillian Flynn - O livro começa no dia do quinto aniversário de casamento de Nick e Amy Dunne, quando a linda e inteligente esposa de Nick desaparece da casa deles às margens do rio Mississippi. Sinais indicam que se trata de um sequestro violento e Nick rapidamente se torna o principal suspeito... 

As Intermitências da Morte - José Saramago - "Não há nada no mundo mais nu que um esqueleto", escreve José Saramago diante da representação tradicional da morte. Só mesmo um grande romancista para desnudar ainda mais a terrível figura. Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. LOUCA POR ESSE LIVRO, APENAS.

Meio Intelectual, Meio de Esquerda - Antônio Prata - Um sofá encalhado no mangue, uma coifa uruguaia, os trocadilhos nos nomes dos pet shops, o bairro de Perdizes, o jogador Ronaldo, os mictórios cheios de gelo dos restaurantes, o salto mortal sem rede que o amor exige dos apaixonados, a casa de um morador de rua, um sorvete de cheesecake, o barulho das marretadas de um apartamento em reforma - eis alguns dos temas de Meio Intelectual, Meio de Esquerda, o livro de crônicas de Antonio Prata. 

O Inferno Atrás da Pia - Antônio Prata (DE NOVO) - Nos contos selecionados aqui, Antonio associa o culto ao deboche com uma peculiar aptidão para olhar tudo, sem pressa ou juízo de valor. Existem momentos em que a leitura proporciona situações impagáveis como em "Melda!" quando uma simples festinha de aniversário de criança pode acabar se tornando palco do desvirginamento de um adolescente fã de heavy metal. MEU AUTOR FAVORITO! 

Contos de Mentira - Luisa Geisler - Em Contos de Mentira, a autora usa uma linguagem ágil, cortada com economia e precisão, para colocar em exposição os sentimentos humanos. São pequenas e densas histórias, que retratam o ser humano sozinho, acompanhado apenas de sua incompletude. TEMPÃO QUE QUERO ESSE TROÇO. Além de Quiçá e Luzes de Emergência Se Acenderão Automaticamente 

Extraordinário - R. J. Palacio - R. J. Palacio criou uma história edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos.

O Diário de Anne Frank - Ok, eu já li esse livro umas duas vezes quando era mais nova. Adoro. Mas nunca tive um... e gostaria muito ter na minha estante. "O relato dramático que já emocionou milhões de pessoas em todo o mundo ganha novos capítulos. O Diário de Anne Frank, escrito pela jovem judia ao longo dos dois anos que viveu escondida durante a Segunda Guerra Mundial. "

O Cemitério - King novamente. "Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar naquela pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios familiares para explorar a região, conhecem um cemitério no bosque próximo a sua casa. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram seus animais de estimação."

[Coleção] Desventuras em Série - Eu posso querer MUITO, MUITO, MUITO esse box super maravilhoso? Posso! Mas se não rolar, posso ao menos querer o Primeiro Livro, né? :P

[Coleção] A Torre Negra - Stephen King - Apontada como a mais importante obra do cultuado escritor norte-americano Stephen King, a série A Torre Negra foi descrita por seu autor como "o mais longo romance popular de todos os tempos". *o* *o*

[Coleção] The Walking Dead - Sou fã da série e curiosíssima pra ler os livros.

[Coleção] Como Treinar o Seu Dragão - A SÉRIE (que conta com 12 livros) "Como Treinar o Seu Dragão" é sucesso no mundo todo. Escritos e ilustrados pela inglesa Cressida Cowell, autora premiada de obras infantis e infantojuvenis, os livros convidam o leitor a embarcar em uma divertida aventura com o jovem Soluço Spantosicus Strondus III, a grande esperança e o herdeiro da Tribo dos Hooligans Cabeludos — um garoto, no entanto, sem qualquer talento para ser um grande guerreiro Viking.

[Coleção] 
Caixa Especial Martha Medeiros: Paixão, Felicidade, Liberdade, Crônica  - Os 20 anos de cronista de Martha Medeiros estão pontuados nestes 3 volumes com as melhores crônicas de sua carreira.

50 Contos de Machado de Assis - Um homem que tem o estranho prazer de torturar ratos, e encara a morte da mulher com a mesma satisfação; uma mulher tão obcecada em esconder a idade que impede a filha de se casar; um afortunado compositor de melodias populares que deseja desesperadamente escrever música clássica; um rapazinho de quinze anos que se deixa empolgar pela visão dos braços de uma mulher mais velha...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Foi Engano?

"Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa...mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo...”

Nunca atendo número privado. Sabe, né? Quando te ligam e teu telefone não identifica o número. Aparece simplesmente "Número Privado" e pronto. Pode ser alguém conhecido, mas também pode não ser. Então eu deixo pra lá e não atendo. Afinal, se for notícia boa, vão querer se identificar, não é mesmo? Mas naquele dia em especial, eu estava pra baixo. Acordei, vari a casa e nada me fazia lembrar que tenho uma vida pra viver. Sabe aquela sensação de "o que eu tô fazendo aqui?"?. Era isso. Aí o telefone tocou. Número Privado. A música me fez dançar e eu queria mesmo ouvir a voz de alguém. Então, alguma força maior me fez quebrar o protocolo pessoal e atender.

_ Alô? - atendi
_ Alô! Ana?! Ana... não desliga. - uma voz masculina. 
Era engano, claro. Eu não me chamo Ana. Mas por que não tentar uma brincadeira? Já que ele pediu pra não desligar, continuei. Como se me chamasse Ana mesmo.
_ Oi, pode falar. - permiti, sem alterar a voz
_ Me encontra. Vamos conversar. Precisamos conversar.
Quanto desespero, compadre! Pera lá! Apesar de estar me passando pela Ana, acho que eles não eram muito íntimos. Reconhecer a voz de uma pessoa pelo telefone é o mínimo de intimidade que se pode ter. E olha, parece que ele não é bom nisso.
_ Tá certo, cara. Te encontro. Onde? - perguntei
_ Na praça, perto do açougue.
Olha aí, já começou errado e deu mais uma mancada. Que pessoa em sã consciência dá um açougue como referência?! Que bizarrice.
_ Que horas? - encontros precisam de horários, mesmo que perto de um açougue
_ Amanhã às sete.
Sete. Sete da manhã ou sete da noite? Comecei a repensar o grau de intimidade. Se ele não especificou, é porque conhece o relógio biológico dela. Vai que ela só acorda cedo ou só pode sair à noite? Quando o número é de um a dez se tratando de horário, temos aí duas opções. 
_ Te vejo lá - encontro marcado.
_ Obrigado, linda. Você não vai se arrepender.
Desliguei sem me despedir. Depois pensei se fiz o certo. Mas pelo visto a "Ana" nem tava tão afim assim... já que passou um número que não é dela.
Ele não tentou ligar depois. Nem às sete da manhã e nem às sete da noite. Acho que o fato dela não ter comparecido ao encontro o fez perceber algo que eu nunca vou saber. Talvez tenha seguido em frente. É o que eu espero. 

De qualquer forma, isso foi um caso à parte. É melhor continuar evitando os números desconhecidos.


sábado, 8 de novembro de 2014

Microconto do Poeta Fracassado

_ Ontem me sentei com o caderno na mão. Mas tive um tremendo choque quando me dei conta de que não conseguiria escrever uma linha se quer. Que decepção. Depois de tantos amores relatados, aquele passará em branco. O que era pra ser uma gigante e triste poesia, virou poeira e se perdeu na luz do dia. 

_ Tem tristeza que não é pra relatar mesmo, senhor poeta. Deixa essa aí ir embora e parte pra outra. Esquece essas cicatrizes. A vida tem muita coisa boa pra ser relatada em prosas mais felizes.

sábado, 1 de novembro de 2014

Conto Não Contado

Em uma quinta-feira nublada ele se despediu. Resolveu ir embora com todas as palavras que jamais couberam na boca. Aquelas palavras que guardamos conosco, milhares, dentro da mente e do coração, mas que jamais se verbalizam, nem mesmo se transformam em atos. Muito menos isso. São aquelas palavras que, em dias de domingo, deitados na frente da TV sem prestarmos a menor atenção, formulamos, filtramos, repensamos, achamos sinônimos e antônimos, juntamo-las e criamos citações, textos, livros... mas então, na segunda, quando há tempo de jogá-las na mesa do almoço, desistimos de dizer. “Jamais entenderão” – argumentamos entrementes. E então, são elas que ficam ali, dentro de nós, vívidas como um feto, inquietas, cheias de razões e sentidos, mas que jamais nascem em meio ao “bom dia” rotineiro. Tão fácil dizer “bom dia”. Tão constrangedor dizer “eu te amo porque nascestes pra mim e eu para ti, e...” não, é difícil. E foram essas palavras que fizeram com que ele tivesse vontade de ir embora. “As tenho para mim como minhas, como autor célebre de mim, mas quando penso em pô-las na ponta da língua, elas se encaixam entre a garganta e o peito, em um lugar tão sombrio que dói, incomoda e faz uma terrível tranca na boca” - pensava ele com frequência. Frustrou-se ao perceber que não tinha controle sobre isso e que, para algumas pessoas, é fácil dizer o que pensa. Ele sentia inveja dos pedidos de namoro, dos filhos que dizem “eu te amo” aos pais e até mesmo dos debates políticos... “Se já é difícil dizer a verdade, mentir como eles me parece um dom” – pensava. E viveu assim, calado de pensamentos e de coragem, amando amores tão gigantes que cabiam perfeitamente entre a garganta e o peito, trancados e não verbalizados. E foi um desses amores que o fez dizer adeus naquela tarde, dentro do quarto de hotel. Porque ouvia que “atos falam mais do que palavras”, mas jamais concordou. Nunca concordaria. O aviso de “Não Perturbe” estava pendurado na porta havia tempo e então finalmente uma camareira que passava por ali, intrigada, resolveu bater à porta e perguntar se tudo estava bem. Apertou a campainha – um pouco estridente demais para um hotel – e aguardou. Não obteve resposta. Aflita após a quarta tentativa, chamou a gerência do estabelecimento. A governanta, já acostumada com determinadas situações, foi quem pressupôs o escândalo guardado ali antes mesmo da porta se abrir. A chave mestra deu duas voltas e revelou o corpo sob roupas de cama embebidas de sangue e suor, um buraco na cabeça e um revólver na mão. De uma forma dolorosa, mas ainda assim a que escolhera melhor, ele foi embora de vez, como sempre quis fazer, junto a todas as palavras que nunca disse.  

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O Sorteio

Porque a vida sempre surpreende quem não espera nada dela.


Era pra ser só mais uma palestra chata da qual nosso chefe nos fez participar. Cheguei acompanhada da minha colega de trabalho e logo na entrada pediram para preencher uma ficha com nossos dados. Não gosto de dados. Gostaria que as pessoas fossem reconhecidas pelos olhos, pelo jeito, corte de cabelo ou os tipos de flores nas janelas de suas casas. Isso de números me incomoda um pouco. Registro Geral, Cadastro de Pessoa Física, Código de Endereço Postal... dá um trabalhão decorar tanto algarismo. Mas tudo bem, tudo bem. O procedimento foi realizado com sucesso e adentramos a palestra motivacional de vendas e de como-passar-duas-horas-pensando-que-se-dará-bem-nessa-vida-de-merda. Enquanto escolhíamos nossos lugares, comecei uma rápida e já habitual averiguação do local: muita gente, um telão para projetor, microfones, fotógrafos e o palestrante. Até aí, tudo na paz. O que me chamou a atenção foi uma mesa recheada de presentes em um canto qualquer. Pensei com meus botões e depois confidenciei à colega: "Olha ali, será que a ficha com nossos dados é para um sorteio? Será que vamos levar aqueles presentes para casa?". Ela riu. Não me levou muito a sério.

Mas a palestra passou (demorada e chata, por sinal) e o grande momento chegou. Sim, haveria um sorteio. Eram pequenos brindes cedidos pelas empresas parceiras da Associação Comercial. Me acomodei na cadeira e brinquei com a colega: "Vou me ajeitar e já deixar a bolsa de lado porque vou lá pegar o primeiro presente". Ela riu de novo e não me levou a sério. A ironia, já característica da minha personalidade, que estava na frase como um modo de protesto à vida por nunca me dar a oportunidade de ser sorteada em coisas de caráter gratuito, caiu por terra quando uma criança escolhida pelo palestrante pegou um papel dentro de um saco abarrotado deles e leu o meu nome em alto em bom som. Sim, meus caros, eu fui a primeira sorteada. O prêmio? Um jogo de toalhas (simples, porém útil). A lição? A mais clichê possível: é quando menos esperamos, em momentos nos quais não gostaríamos de estar ali, que a vida nos surpreende. Eu e meus colegas de trabalho (principalmente a que me acompanhava desde o começo da minha ladainha) ficamos tão embasbacados com o sorteio que a probabilidade estatística de ser sorteada só me passou pela cabeça muito tempo depois do ocorrido.


Acho que a vida é meio assim, sabe? Existem diversos "sorteios" por aí dos quais não nos damos conta. Ser contemplada com um jogo de toalhas me fez refletir e perceber que já fui contemplada inúmeras vezes. Ganhei amigos, oportunidades, sorrisos, amores e momentos que apenas eu, entre dezenas, centenas e até milhares de pessoas, fui capaz de ganhar.

E para que eu pudesse levar um belíssimo jogo de toalhas para casa, foi preciso me deslocar até lá e dedicar tempo e paciência para ouvir um moço que criticava novelas e falava de motivação. A metáfora fica, mesmo que um tanto clichê e brega, por saber que não há contemplação sem esforço, trabalho, cansaço e até aborrecimento. Então, metaforicamente vos digo: A VIDA ESTÁ AÍ! Preencha seus dados, assista o que se passa com paciência, tenha forças e fique até o fim... você nunca sabe quando será surpreendido!      

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A arte de esquecer, por Ivan Martins

Pôr os sentimentos de lado é permitir que a vida prossiga

Por Ivan Martins 

O livro mais triste que conheço sobre o amor se chama O legado de Eszter, do húngaro Sándor Márai. Quando o li, tive a sensação de que minha vida, como a da personagem, seria destruída pela esperança de um romance irrecuperável. Eszter espera pela visita do grande amor do passado, que a salvará de uma existência de solidão e vergonha. Eu esperava pelo retorno de uma mulher que nunca voltou. 

Lembro o livro, o período e a dor como partes de um mesmo corpo. A prosa límpida e hipnótica de Márai ligava a vida da mulher no início do século XX à minha, que se desenrolava às vésperas do século XXI. As personagens e as palavras dele deram àquele momento as cores de uma profunda melancolia, mas a tingiram, ao mesmo tempo, de uma estranha lucidez. Lembro-me de pensar, de forma um pouco dramática, que afundava de olhos abertos.

Fui procurar ontem o livro na minha estante e descobri que não está mais lá. Sumiu, assim como o afeto inextinguível que eu sentia. Alguém levou meu livro embora, ou se esqueceu de devolvê-lo. O tempo dispôs silenciosamente da minha paixão. Diante disso, me ocorre que esquecer é uma benção – ou uma arte, a aprimorar meticulosamente ao longo da vida. Pôr pessoas e sentimentos de lado é permitir que a existência prossiga.



Não há nada que eu gostaria tanto de ensinar aos outros e a mim mesmo como a capacidade de deixar sentimentos para trás. Olho ao redor e vejo gente encalhada como barcos na areia. Homens e mulheres. Esperam pelo passado, embora a vida se espraie em possibilidades à volta delas. Precisam de tempo para se recuperar, mas carecem de luz. Necessitam entender que a dor – embora inevitável – não constitui uma virtude, nem mesmo um caminho. Tem apenas ser superada, para que o futuro aconteça.

A Eszter de Márai vive encarcerada no universo moral e jurídico legado a ela pelo século XIX. Mulher, seu destino era ligado às decisões de um homem, Lajos. Ela espera porque não tem meios de agir. Ser corrompida pela esperança e pelo perdão é o que lhe resta. Sua posição na sociedade consiste numa espécie inexorável de destino.

Não há, no mundo em que vivemos, uma jaula social correspondente a essa. Fazemos nossas escolhas no interior de amplos limites existenciais. Somos inteiramente responsáveis por nossos sentimentos, ou ao menos pelas atitudes que tomamos diante deles. Se decidimos ficar e esperar, se permitimos nos tornar o objeto passivo das manipulações ou indecisões alheias, não há um Lajos a quem acusar.

Ainda assim, construímos prisões mentais à nossa volta. Prisioneiros de uma noção ridícula de amor do século XIX, quando ainda não havia liberdade pessoal, imaginamos que o amor é único e eterno – e que perdê-lo equivale a perder a vida, como um trem que passasse uma única vez numa estação deserta. Nada mais longe da realidade. Nossa vida se abre desde o início em múltiplas possibilidades e se desenvolve em companhia de inúmeras pessoas. Alguns terão papéis importantes e duradouros. Outros serão passagens breves e luminosas, como uma tarde de verão. Todos, com uma ou outra exceção monumental, veremos partir. Nós mesmos iremos embora em incontáveis ocasiões. Nos restará o desapego, como antes só restava a Eszter a resignação.

Por isso, a arte de esquecer é essencial. Ela me parece a mais moderna das sabedorias sentimentais, aquela que mais permite mover-se no mundo como ele é, não como nos fizeram crer que ele seria. Nesse mundo haverá sexo, haverá paixão e, às vezes, haverá amor. É provável que haja desencontro e ruptura e que sejamos forçados a começar de novo, sozinhos. Esse é o ciclo da vida como ela se apresenta no século XXI. Nele, deixar para trás e esquecer é tão essencial quanto reconhecer e se vincular. Consiste no nosso legado sentimental. Ele começou a ser elaborado por tipos rebeldes nos anos 60 e continua a ser refeito hoje em dia. Nada tem a ver com o legado de Eszter, embora este ainda nos ensine e nos comova.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Último Lamento

Belo Horizonte, 20 de Março de 2064.

Querida Ana,

Como vão as coisas? Não nos vemos há muito. Espero que não estranhes este meu repentino aparecimento. Só precisava de uma oportunidade para dizer algumas poucas palavras.
Sabes, a vida que levamos quando lhe conheci me deu uma uma falsa sensação de certeza e segurança sobre algo que jamais poderia imaginar que perderia: o teu respeito e a tua admiração. 
Lembra-te de quando nos beijamos naquele dia ensolarado de praia, envoltos de amigos "maneiros"? Eu me lembro como se fosse ontem. Nós abríamos os braços e sentíamos o vento, repletos de pensamentos que nos davam a segurança de que seríamos jovens para sempre. Não fomos. 
Este ano completo setenta e dois anos de idade. E em cada aniversário eu lembro dos teus olhos cuidadosos e tua mão que afagava o meu choro quando me punha a reclamar da vida. Hoje sei - infelizmente tarde demais - que devemos dar valor àquilo que somos e temos. O valor que me destes era visível em teus atos. Quanto à mim, percebo que fui egoísta. Ninguém é feliz sozinho. Eu fui feliz ao teu lado, mas hoje, sentado nesta sala e cadeira velhas, percebo que poderia tê-la comigo. E percebo também que não fiz por merecer. Quando nos conhecemos, éramos jovens sonhadores. Hoje, sonho em voltar no tempo para deixar de ser tão sonhador e pôr meus pés no chão. Não que sonhar seja ruim - longe disso - mas é que, em certos momentos, sentir-se seguro é fundamental para um futuro sem solidão. 
A briga que nos separou hoje ecoa em meus ouvidos como as notas desafinadas de um violino velho. 
Espero que estejas entendendo a que ponto desejo chegar nesta carta, minha querida. 
Sinto tanto tua falta que posso fechar os olhos e sentir o teu perfume no vento. 
Sou um homem solitário, Ana. Hoje sei que isso não faz diferença para ti. Sei que encontrastes alguém que dá valor aos teus carinhos sinceros. Sei que não voltarei a ver-te. Só escrevo para pedir desculpas por todas as coisas que deram erradas entre nós dois. Devo-te um respeito tão imenso, que nem chega a caber-me no peito. Devo-te parte de mim. Parte do que fui e do que pretendia ser naquela época. É tarde demais para lamentos, mas faço-os mesmo assim. Lamento por tê-la desapontado e por não tê-la olhado nos olhos e dito tudo o que poderia ter sido de nós.

Lamento por tê-la amado demais sem transparecer isso de uma forma bela e direta.
Lamento por deixar esta vida sem tê-la em meus braços mais uma vez.

Com carinho,

Artur.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O presente

"Nada mais vai me ferir
É que já me acostumei
Com a estrada errada que segui
E com a minha própria lei..."

Sem nenhum entusiasmo: foi assim que ela acordou para trabalhar naquela sexta-feira chuvosa. Levantou com o pé esquerdo, tomou um café amargo feito as pressas, comeu o pão de forma velho do armário - "já está mais do que na hora de fazer compras", pensou - escovou os dentes e se trocou. Uma roupa qualquer e um pouco de blush. Guarda-chuva e sapatos fechados.

Antes de pôr os pés pra fora de casa, reparou de relance no embrulho jogado em cima do armário da sala. Deveria ter sido entregue já faziam quatro ou cinco dias. O aniversário que ela sempre lembra com carinho, naquele ano deixou de ter importância. Havia escolhido o objeto com o cuidado de uma mãe e ao mesmo tempo com a empolgação de uma menina. Mas eles definitivamente não estavam em uma boa fase. Há alguns meses vinham tendo discussões tolas, queixavam-se um do outro com facilidade e não se olhavam com amor. Então, ela decidiu enquanto era tempo que tomaria as rédias da vida e seguiria suas próprias leis.

Depois do término, havia chegado em casa e afastado os móveis. Decidiu que não gostava mesmo daquela decoração. Recolocou as almofadas todas a seu modo. Foi ao quarto e arrumou a cama, colocou uma mala pesada em cima e tirou uma a uma, as camisas do armário. O perfume lhe confundia o olfato - paro a mão e cheiro ou levo até a mala sem cheirar? - mas o cérebro deixava o nariz pra depois, sem parar nenhum movimento. Uma caixa jogada na área de serviço foi o suficiente para colocar todas as coisas dele... o laptop, um porta-retratos, um chinelo velho e as coisas que estavam no banheiro. Após ter juntado tudo em um pequeno canto da sala perto da porta, mandou uma mensagem: "Pega tuas coisas assim que puder". E só.

Foi naquela sexta-feira, saindo para o trabalho, que se deu conta do embrulho. Seria o presente de aniversário perfeito, não fosse a imperfeição dos últimos dias. E mesmo com todo o desânimo, voltou a atenção para a caixa com laço delicado, tomou-a nas mãos e saiu.

Chegando no trabalho, viu o colega que sempre lhe agradava. Se aproximou a passos silenciosos, abriu um sorriso e entregou o embrulho - "pra você". Voltou a sua mesa, tão entusiasmada quanto quando começara o dia. Porém, dessa vez, com um sorriso forçado no rosto e uma tentativa de encher os pulmões o quanto conseguisse, pensou "é hora de seguir em frente".



domingo, 28 de setembro de 2014

Se eu pudesse voltar no tempo

Me perguntaram certa vez o que eu faria se pudesse voltar no tempo por um dia e qual dia seria esse. 

Não consegui responder. Pensei nos dias ensolarados do meu ensino médio, alguns dias da oitava série, o dia do meu primeiro beijo (que eu mudaria para não ser com aquele cara). Pensei em um dia frio que passei no campo, cheia de palavras que eu poderia ter dito e não disse. Pensei no dia que aceitei namorar com o cara mais legal do mundo pra fazer com que ele soubesse que, pelo menos pra mim, ele era o cara mais legal do mundo. Pensei no dia em que terminamos e que eu não agradeci por cada momento. Pensei no dia que passei no vestibular e tive que escolher entre ficar ou me mudar. Nos vários dias que chorei de saudade em casa ao invés de sair para me divertir. E nos vários (e vários) dias que saí pra me divertir ao invés de ficar quietinha em casa, estudando ou chorando de saudade. Eu pensei, e pensei mesmo, nos poucos pedidos de namoro que não aceitei. E nos dias que não tive coragem de olhar nos olhos da pessoa que eu mais queria encarar. Pensei em dias que desobedeci meus pais e que me feri por isso. No dia da minha formatura. Nos dias que deixei de agradecer e nos dias que só praguejei. Se eu pudesse mesmo voltar no tempo, não dá pra escolher um dia só. Só um entre tantos que eu gostaria de mudar ou viver de novo?! É muita judiação. 

Pensei sobre isso por muito tempo e hoje, finalmente, cheguei a uma conclusão. O fato é que eu tive um sonho, e tudo se iluminou. De todos os dias que passaram na minha mente, nenhum deles eu deveria mudar. Foram exatamente do jeito que deveriam ser e, se não fossem, eu não estaria aqui hoje, como estou. Claro que, pode haver um dia crucial, que se eu mudasse, tudo estaria de uma forma melhor hoje. Mas infelizmente, com esse meu azar, eu jamais conseguiria escolher o dia certo. Ou talvez ele nem exista. Ou quem sabe, pode haver um dia pra eu viver de novo e só acrescentar alguns detalhes...

Então, mesmo com toda essa filosofia, eu acabei escolhendo um dia pra viver de novo. Um domingo escuro, em meados de 2009. Eu sei e sempre guardei a data exata. E como não sou de guardar datas, entendi que guardei essa pois sabia, no fundo no fundo, que um dia me perguntariam sobre "voltar no tempo" e eu saberia exatamente o que dizer.

Então, lá estava eu, em pleno domingo a tarde, rodeada de pessoas estranhas em um lugar super estranho com música estranha, esperando por uma pessoa estranha atrasada. Aguardei pacientemente pois sabia que ele viria. Afinal, havíamos combinado o encontro. Nada de jantar a luz de velas, cinema no shopping ou sorvete na praça. Pra falar a verdade, não era um encontro romântico. Era pra ser só um encontro de amigos. Novos amigos. Duas pessoas que começavam a se conhecer. Mas quando eu o vi chegar, o coração acelerou de uma maneira diferente. Não era entusiasmo, nem adrenalina, nem nervosismo... era algo que até hoje eu não consigo explicar. E é por aí que eu queria começar: sentir de novo aquilo que eu nunca mais senti da mesma forma. Tentar entender, analisar cada segundo. Aí então ele chegaria, abriria o mesmo sorriso e eu o abraçaria novamente. Aquele foi o dia em que senti que o tempo pode parar. Eu gostaria de reviver aquela brincadeira de "estátua". E, morando por um instante naquele abraço, eu sentiria mais uma vez que as coisas nunca mais seriam como antes. Pareceria piegas dizer que me apaixonei. Não foi bem isso. Eu apenas entendi naquele dia que sentiria algo além do meu entendimento e que a possibilidade de não haver nada entre nós não estava sob meu controle. Essa sensação se torna um tanto longe quando nos damos por "maduros"... é como se quiséssemos controlar os sentimentos e acreditássemos piamente que podemos fazer isso. Naquela época eu era imatura, não entendia dessas coisas (não que eu entenda hoje) e foi um tremendo baque sentir algo que eu jamais viria a conseguir explicar. Foi intenso. Reviver aquele momento, ter de novo aquela sensação, seria como procurar um antídoto e não encontrar. Eu não quero uma cura para o que senti e ainda sinto. Até procuraria, mas no fundo não quero. Então, se eu pudesse voltar no tempo, eu prestaria bastante atenção em cada detalhe, para tentar reviver em tempos futuros algo que jamais voltou a acontecer. Vivi momentos parecidos, mas nenhum como aquele ou com "ele" . Eu chegaria em casa nesse mesmo dia e anotaria em um bloco de folhas jogado ao lado da cama, cada mínimo detalhe. E, ah...só mais uma coisa: gostaria de sentir de novo aquele perfume, fechar os olhos e entender definitivamente o porque de um dia tão inesquecível na minha vida. Acho que é isso.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O que eu tô fazendo da vida

Hello pessoal! Não sou de postar esse tipo de coisa no blog, mas faz um tempão que estou me dedicando a fazer algumas coisas que amo: ouvir música, ver filme, ver TV, ver vídeos no YouTube e ler! Quando eu estava na faculdade, confesso que fazia esse tipo de coisa com menos frequência, e quando comecei a trabalhar, demorei um pouco pra me acostumar com a rotina. Agora, estou conseguindo conciliar esse tipo de lazer. Daí que eu queria compartilhar um pouco dessas experiências com vocês. Vamos lá?! :)

♪♫ O que estou ouvindo:

Banda Tópaz: essa banda é exatamente do jeitinho que eu curto. Tem um pouco de romantismo, humor e metáforas maravilhosas em cada letra. O estilo talvez não agrade a qualquer um, mas sem dúvida eles tem muito talento! Vai aí uma música que gosto bastante:





Banda Scracho: sim, eu escuto esse tipo de música desde quando tinha meus 15 anos e até hoje não desapeguei. Mais romantismo, bastante letra melódica, mas ao mesmo tempo muita música suave e boa pra dançar e fazer clip musical da janela do busão. haha A música a seguir é praticamente uma descrição do que tô vivendo ultimamente...


Além dessas, tem uma lista bastante extensa no meu iPod, que tá sempre no modo aleatório, porque eu tenho um sério problema de enjoar das minhas músicas rapidamente e depois de uma semana já querer ouvir de novo (bipolar sim, bjs). Então vou fazer uma lista básica aqui:

 Supercombo: conheço desde 2009 e nunca deixei de ouvir. Uma das minhas preferidas :)
 Móveis Coloniais de Acaju: "Sempre foi e assim será...". Móveis é a banda nacional mais querida pelo meu humilde coração. 
Halestorm: o que dizer dessa banda que mal conheço e já considero pakas?! haha Me conquistaram do início ao fim dos dois discos que estou escutando. 
 Zaz: francesa, linda e com uma voz encantadora. Apenas. 
 Tonight Alive: completamente apaixonada pela música "The Other Side" e procurando ouvir as outras com cautela. 
 Matanza: na lista de nacionais que mais curto e escuto, também.

Além dessas ainda tem os clássicos que sempre ouço e nunca deixarei de lado como CPM 22Iron MaidenLegião UrbanaTitãsGreen DayForfunLos Hermanos 3 Doors DownCharlie Brown Jr. (saudade Chorão, volta pra nóis!), The BeatlesDead Fish, entre muitas outras :D


✰ O que estou assistindo - Filmes:

Nesses últimos meses eu tenho cumprido a meta de assistir alguns filmes dos quais escuto falar bem e nunca vi (ou nunca tinha visto). E aí vão alguns que eu assisti:

Entre Nós "Sete jovens amigos escritores viajam para uma casa de campo para celebrar a publicação do primeiro livro do grupo. Lá, eles escrevem cartas para serem abertas dez anos depois. A viagem acaba em uma tragédia após a morte de um dos amigos. Mesmo assim, eles se reúnem dez anos depois para lerem as cartas."
Não sou de filme nacional, mas esse me surpreendeu de verdade.


Hoje Eu Quero Voltar Sozinho "Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente cego, tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que busca sua independência. Quando Gabriel (Fabio Audi) chega na cidade, novos sentimentos começam a surgir em Leonardo, fazendo com que ele descubra mais sobre si mesmo e sua sexualidade." Um filme doce, delicado e encantador... além de boas risadas e muitas lições.
Questão de Tempo "Ao completar 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson) é surpreendido com a notícia dada por seu pai (Bill Nighy) de que pertence a uma linhagem de viajantes no tempo. Ou seja, todos os homens da família conseguem viajar para o passado, bastando apenas ir para um local escuro e pensar na época e no local para onde deseja ir." É um pouco viajado, mas também trás muitas lições e... ah, eu chorei bastante hahaha.




A Culpa é das Estrelas "Diagnosticada com câncer, a adolescente Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) se mantém viva graças a uma droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, ela é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio cristão. Lá, conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que também sofre com câncer. Os dois possuem visões muito diferentes de suas doenças..." blá blá blá. Sabem o que mais me surpreendeu?! É o primeiro filme da minha vida excepcionalmente melhor que o livro. E eu chorei pra burro!


A Pele que Habito "Roberto Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico, que vive com a filha Norma (Bianca Suárez). Ela possui problemas psicológicos causados pela morte da mãe, que teve o corpo inteiramente queimado após um acidente de carro e, ao ver sua imagem refletida na janela, se suicidou..." blá blá blá. Olha, eu não queria assistir porque um amigo definiu como "nojento", mas depois vi que é surpreendente. Se você nunca ouviu um spoiler desse filme, eu recomendo demais!





✰ O que estou assistindo - TV:

Programa do Jô Meus amigos mais íntimos sabem que um dos meus sonhos é abraçar o Jô. Claro que conhecer, bater um papo ou ser entrevistada por ele também vale, mas o abraço eu não dispenso. Ele esteve internado com pneumonia durante um tempo e passava reprise de programas antigos... quando ele voltou, quase chorei. Carisma e bom humor em um programa simples e divertido.



✖ Tudo Pela Audiência "Apresentado por Tatá Werneck e Fábio Porchat, esse programa de auditório vai fazer de tudo para ganhar a sua audiência!" Muita gente está criticando dizendo que é "puro besteirol", mas como sou muito fã dos apresentadores, tentei ir além e defini como uma bela sátira de todos os "besteiróis". Minha barriga dói de tanto rir e ir lembrando, com cada besteira, de um programa diferente. Eles satirizam os programas do Silvio Santos, do Faustão, Pânico na Band e até a Ana Maria Braga!


✰ O que estou assistindo - YouTube:

Pra mim, o YouTube se tornou um vício. Os canais são bem mais divertidos do que qualquer programa de TV (tirando o Jô haha). Me apaguei a alguns e já sou inscrita, curto todas as redes sociais e inclusive até tenho vontade de conhecer alguns "YouTubers"... aí vão os meus favoritos (que são muitos :P)

♂ Role Gourmet PC Siqueira (queridíssimo) e Otávio Albuquerque são dois lindos que me fizeram ter interesse em canais de culinária. Muito engraçados e carismáticos, fazem desde receitas elaboradas até as mais simples possíveis. Ah, e estão sempre falando de algum assunto interessante durante os vídeos.

♀Maddu Magalhães Linda e engraçada, a Maddu é artista plástica e faz muitos vídeos DIY. Ela sempre diz "é muito simples de fazer", mas eu nunca tentei porque sei que não vai ficar igual ao dela haha. Mesmo assim, assisto todos porque ela tá sempre falando/fazendo alguma coisa engraçada.

♂LubaTV AAAAAH LUBA *-* O Lucas é sulista e primeiramente eu adoro o sotaque dele! Todos os vídeos são interessantes e engraçados, até os vídeos do tipo que eu nunca gosto (por exemplo, GamePlay ou "abrindo presentes e respondendo perguntas"). O que ele joga The Sims 3 é hilário.

♀5incominutos Assisto desde o começo, antes de "virar modinha" (e eu sei que é modinha dizer isso). A Kéfera é simplesmente uma febre e o 5incominutos já virou um dos canais mais acessados do YouTube. Ela muda de estilo com frequência (o estilo dela e o estilo dos vídeos)... recentemente mudou do cenário pequeno-quarto-em-Curitiba para casa-colorida-em-São-Paulo, e fica cada dia mais engraçada. Infelizmente ainda não assisti ao programa que ela tá apresentando na MTV :/

♀Bruna Vieira Confesso que quando comecei a assistir, eu nem curtia tanto. Com o tempo, foi me conquistando de tal forma que até já comprei livro dela haha. A Bruna é uma linda, compartilha muitas coisas legais no blog "Depois dos Quinze" e agora tem feito vídeos do tipo "meu dia-a-dia" que tô amando!

Japandotv O japa é loko. Tipo, loko mermo. Ele faz uns "desafios" que a galera manda pra ele e eu raxo demais haha. É um tal de gritar no ouvido da irmã dele pra lá, comer pó de café pra cá, se queimar com água fervente. Às vezes pode parecer um pouco forçado, mas entendi que é o jeito dele mesmo!

Manual do Mundo Falou de utilidade, falou do Manual do Mundo. Falou de inutilidade, pode falar de Manual do Mundo também! É isso aí... o Iberê e a Mari estão sempre ensinando e testando muuitas coisas legais. Tem receitas, mágicas, pegadinhas, experiências, origamis, e por aí vai...




Além desses que eu descrevi, ainda tem um bocado. Lá vai: 

Maspoxavida (clássico!), 
Landucci (doidinha das ideia), 
Porta dos Fundos (outro clássico),



E se eu continuar, vou ficar escrevendo até amanhã hahahaha (sério).


✐ O que estou lendo:

Eu tenho um sério problema com livros. Sério e grave. Eu tô sempre querendo comprar, lendo e sempre querendo ler. Tá, e qual o problema?! O problema é que, ou eu gasto demais ou eu choro o resto da vida porque não comprei tal livro... outro é que eu tô sempre querendo acabar o livro atual pra poder ler o próximo (psicopata dos livros). Outro é que, sim, eu demoro pra ler. Não sei ler nada rápido. E aí que eu fico louca no final das contas, querendo ler 30 livros de uma vez e não dando conta de nenhum (ou quase). Ok, aí vai a lista dos livros que eu li (ou estou lendo) e recomendo:


Nu, de botas - O Antônio é o meu autor preferido (foi colunista da Capricho e é da Folha de São Paulo) e apesar disso, esse foi o primeiro e único livro dele que eu li (ACEITO OS OUTROS DE PRESENTE). Esse livro trás crônicas e lembranças da infância dele. Foi o único livro que eu cheguei na metade e tive que começar de novo, pra não acabar tão rápido

"Em Nu, de botas, Antonio Prata revisita as passagens mais marcantes de sua infância. As memórias são iluminações sobre os primeiros anos de vida do autor, narradas com a precisão e o humor a que seus milhares de leitores já se habituaram na Folha de S.Paulo, jornal em que Prata escreve semanalmente desde 2010."


O Mágico de Oz "O Mágico de Oz é um clássico indiscutível entre crianças, jovens e adultos. Levado aos palcos e às telas, citado e cantado, lido e relido em todo o mundo, é a mais famosa história infantil da literatura americana." O que eu achei: fiquei feliz de riscar mais um clássico da minha lista, mas o texto é muito mais simples do que eu esperava. Ótimo para crianças.


O Pequeno Príncipe Sim, é o meu livro preferido e eu SEMPRE leio ele de novo. Como diria um amigo, "esse livro você lê em uma ida ao banheiro"... E cada vez, uma lição diferente. "Le Petit Prince é uma obra do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, publicada em 1943 nos Estados Unidos. Numa primeira leitura, aparenta ser um livro para crianças, mas possui um grande teor poético e filosófico."





Quem é você, Alasca? Aoô, João Verde dos infernos! Li "A Culpa é das Estrelas", me arrisquei em "Cidades de Papel" e gostaria muito de dar um spoiler desse livro aqui (mas sou legal e não vou dar). É bom? Não. Te prende? Sim. Dá vontade de matar personagem? Não. Tem algum personagem pra amar? Sim. Enfim, a leitura é mega simples e rápida, quem arriscar, me conta o que achou, beleza? Valeu, Falou.


O Iluminado  Minha mãe quase me matou quando contei que tava lendo esse livro. Mãe é mãe, né? Falou "depois não vem reclamar que não tá conseguindo trabalhar e nem dormir direito... mimimi" e olhem, eu não consegui nem trabalhar e nem dormir direito! Sou cagona né, migos?! Sou cagona e trabalho em um hotel. Sou cagona e ótima pra ter pesadelos. Sou cagona mas não consegui parar na parte em que eu mais caguei. Obrigada, boa noite. "O Iluminado é um livro de horror do escritor estadunidense Stephen King. Lançado em 1977, foi o terceiro livro de Stephen King e seu primeiro best-seller em capa-dura. O sucesso do livro foi tanto que firmou King na carreira de escritor no gênero."



A Menina que Colecionava Borboletas Primeiro livro da Bruna Vieira que eu li e sim, eu quero ler os outros. Linguagem simples, modesta, e com muito sentimentalismo. Ler esse livro me fez sentir a Bruna como uma amiga íntima. Como se ela estivesse me confidenciando coisas pelas quais eu também já passei. Marquei 4 textos que li 200 vezes e até já coloquei um aqui no blog!
Li com uma noite [quando deveria estar lendo O Iluminado - aquilo sobre querer ler 30 livros de uma vez, sim] e até chorei haha. "Bruna Vieira está cada vez mais longe dos quinze, e sabe que crescer nunca é tão simples. Considerada uma das blogueiras mais influentes do mundo, mais uma vez ela dá vazão ao seu talento como escritora com este seu novo livro de crônicas e pensamentos, em que mostra o quanto amadurecer e conquistar a independência é maravilhoso, mas tem seus desafios e poréns."


Na cabeceira e próximos livros:

O Milagre: Estou na página 100 e ainda não sei o que pensar. É intrigante mas eu prevejo que o desfecho será um tanto ruim. E se realmente for, o bom é que eu nem criei expectativas (e nem gastei em vão, até porque peguei emprestado). Ah, e essa capa estilo "pornô romântico de banca de revista" não é nada chamativa. "No livro O Milagre de Nicholas Sparks, conta uma história de Jeremy Marsh um respeitado jornalista que não consegue emplacar um relacionamento afetivo que o faça feliz. Acostumado a viajar pelo mundo à cata de lendas urbanas, Jeremy parte em direção a uma cidadezinha do sul dos Estados Unidos para investigar as misteriosas luzes de um antigo cemitério escravo que teria sido alvo de uma maldição blá blá blá..."



As Crônicas de Gelo e Fogo ANSIOSI-SS-SS-SSÍ-MA PARA COMEÇAR. Comprei o box com os 5 livros em uma promoção relâmpago no Submarino pela bagatela de 50 Dilmas. Já me avisaram que não terei vida social e que acharei melhor do que Harry Potter (o que é muito pouco provável). Pelo tamanho dos livros e pela densidade da história, acho que passarei uns bons meses sem ler outras coisas. Er... até mais, vida!




É isso aê. Pra quem leu até o fim, obrigada!
Pra quem vai ouvir, assistir ou ler alguma coisa que eu comentei, sugiro que me conte! E eu ficarei muito feliz com isso. Pra quem já ouviu, já assistiu ou já leu alguma coisa comentada e tem uma opinião diferente da minha, também sugiro que me conte!
Os textos continuarão e eu estou pretendendo mudar de site, porque nesse blog quase não dá pra comentar :'(

Valeu mais uma vez, beijos! :*

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Boa demais para você - por Bruna Vieira

O texto de hoje é de autoria da blogueira Bruna Vieira que escreve para o blog Depois dos Quinze. E olhem que eu preciso curtir muito o autor pra colocar texto que não é meu aqui no blog! haha

Depois de muito relutar, acabei comprando o livro A Menina Que Colecionava Borboletas que, apesar de um tanto "juvenil", acabou me cativando por ter palavras simples e ao mesmo tempo me transmitir muita sinceridade. Eu marquei 4 textos que li e reli e esse é um deles... espero que gostem :)


"Certa vez me disseram que eu era boa demais para você. Colocaram meu amor a leilão e apostaram que logo apareceria alguém melhor. Um cara que realmente se importasse ao invés de alguém que fica semanas sem telefonar e manda uma mensagem no meio da madrugada, dias depois do último encontro, dizendo que está com saudade. Como se essa palavra fosse a senha do meu coração. Disseram que eu deveria conhecer pessoas novas. Entrar num curso de gastronomia, viajar para Europa nas férias ou ocupar os meus domingos com idas ao parque. Nunca fiz nada disso, pois tive certeza que jamais de encontraria nesses lugares. Passei pelo caminho mais longo só para talvez te ver casualmente saindo da faculdade, fui todas as sextas do último mês naquela balada que nos conhecemos e aos domingos, escrevi e apaguei mensagens que nunca foram enviadas ao som daquela música. Você nem deve saber o nome da nossa música.

Eu sei que o problema não é comigo. É você e esse medo de se prender a alguém e gostar da sensação. Prefere continuar caindo ao invés de descobrir se o paraquedas funciona. Queria que soubesse, mas queria que soubesse antes que seja tarde, nem todo mundo é como o seu pai. Os fantasmas mais assustadores são àqueles que nós mesmos criamos. Já te disse, e repito, sua vida não deve ser uma consequência dos erros que ele cometeu quando você ainda nem podia sentar no banco da frente do carro. A única herança que é sua por direito, além desses lindos olhos azuis, que às vezes me parecem verdes, é o lugar onde você e sua irmã vivem. Agora está escuro lá. Talvez frio. Mas logo vocês descobrem como se liga a luz.

Fico pensando, ninguém te conhece de verdade. Se você os desse essa oportunidade. Certamente, veriam o que eu vejo. Sentiram o que eu sinto. Eles acham que é só mais um caso perdido e vai acabar como todos os outros garotos. Enxergando o mundo na mesma perspectiva até o último dia. Esse não é o seu final. De longe, percebi dia desses enquanto pegava o metrô, todo mundo é só um ponto solitário. Ao seu lado, no entanto, somos dois. Quem sabe, um dia, três. O mistério das reticências combinam com a gente.

Sinto falta das nossas conversas sobre o que já não falo com ninguém. Dos seus desabafos bem no meio da melhor parte do filme. Parece bobagem, mas era bom ter um espaço no sofá da sua sala. Um dia fomos grandes amigos. Os conselhos que deu já me levaram para diferentes lugares. Até que seu ombro passou a ser meu travesseiro mais macio. Eu me apaixonei perdidamente por aquele cara que sabia sempre o que dizer. O problema é que deixamos o amor nascer em um labirinto e agora, nossa antiga amizade, não consegue encontrar a saída. Os sinalizadores estão queimando tudo o que sobrou e você continua olhando para o outro lado.

Essa é a última vez. Antes de me despedir e apertar o botão sem volta, que leva estas palavras até você, aviso. Eu não quero te consertar. Nunca quis. Quero é provar que podemos ser exatamente assim, cheios de defeitos e sem nenhuma garantia. Invisíveis para o resto mundo, mas o suficiente um para o outro."

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Não é você, sou eu

É isso mesmo que você leu. Tô aqui pra te falar o mais clichê dos clichês em términos de relacionamentos: não é você, sou eu. Foi tudo minha culpa. Eu que te olhei diferente e esperei por algo que no fundo sabia que não viria. Fui eu que me interessei por cada palavra sua e disse as minhas na esperança de que você se importasse. Eu que te apoiei em cada decisão certa e recriminei as que julguei erradas. Eu, e penas eu, que senti meu coração fervilhar com a expectativa dos nossos "dias seguintes". Dias esses que eu esperei mais gestos e palavras especiais da sua parte. Sou eu que estou esperando até hoje. Sabe... não foi você. Fui eu que insisti em tocar nos assuntos que você adora e te observar falando deles como se fossem especialmente pra mim. E não eram. Eu que quis aprofundar a análise da letra daquela música que você nem gostava tanto assim, só pra te fazer gostar como eu gostava e só pra [tentar] te fazer lembrar de mim quando ouvisse ela. Não é você não, cara. Sou eu que durmo e acordo pensando em uma maneira de te achar por aí. De topar com você na rua ou na frequência com que eu toco a campainha da sua casa só pra não parecer que tô desesperada pra te ver. Eu que senti demais sem parecer que não sentia absolutamente nada. Talvez, se eu tivesse deixado o meu sentimento claro desde o início, eu até poderia colocar um pouquinho dessa culpa em você. Mas definitivamente não é você, sou eu. Eu que tento te convencer a ser melhor e te olho com deboche quando diz coisas que não me agradam. Eu que, nesse vai-e-vem de acontecimentos superficiais, me aprofundei nos "livros" que diziam e ensinavam sobre você e como te entender. Livros inúteis. Eu devia ter aproveitado todo esse sentimento e essa vontade de te conhecer e já entender de cara que não era pra ser. Não era pra ser nada disso que eu tava achando. Não vai ser nada além dessa realidade que tô enfrentando. E agora eu sei que faço o certo ao me dar conta de que, todo esse tempo, "não é você, sou eu". Sou eu que deixo você entrar todos os dias na residência da minha alma e decorar tudo do seu jeito. Sou eu que me contento em me apaixonar por cada coisa que você faz e ficar proporcionalmente frustrada com as coisas que deixa de fazer por mim. Sei que vai ficar repetitivo, mas de qualquer forma, vou dizer: não foi você que construiu e não é você que tá terminando nada. Não é você que vai ter o trabalho de "desinventar" essa história mal escrita, sou eu. 


E eu realmente não sei de onde vou tirar forças pra isso. Só tenho certeza, a partir de hoje, que será necessário fazê-lo.