terça-feira, 11 de novembro de 2014

Foi Engano?

"Não sei se cada um tem um destino ou se só flutuamos sem rumo, como numa brisa...mas acho que talvez sejam ambas as coisas. Talvez as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo...”

Nunca atendo número privado. Sabe, né? Quando te ligam e teu telefone não identifica o número. Aparece simplesmente "Número Privado" e pronto. Pode ser alguém conhecido, mas também pode não ser. Então eu deixo pra lá e não atendo. Afinal, se for notícia boa, vão querer se identificar, não é mesmo? Mas naquele dia em especial, eu estava pra baixo. Acordei, vari a casa e nada me fazia lembrar que tenho uma vida pra viver. Sabe aquela sensação de "o que eu tô fazendo aqui?"?. Era isso. Aí o telefone tocou. Número Privado. A música me fez dançar e eu queria mesmo ouvir a voz de alguém. Então, alguma força maior me fez quebrar o protocolo pessoal e atender.

_ Alô? - atendi
_ Alô! Ana?! Ana... não desliga. - uma voz masculina. 
Era engano, claro. Eu não me chamo Ana. Mas por que não tentar uma brincadeira? Já que ele pediu pra não desligar, continuei. Como se me chamasse Ana mesmo.
_ Oi, pode falar. - permiti, sem alterar a voz
_ Me encontra. Vamos conversar. Precisamos conversar.
Quanto desespero, compadre! Pera lá! Apesar de estar me passando pela Ana, acho que eles não eram muito íntimos. Reconhecer a voz de uma pessoa pelo telefone é o mínimo de intimidade que se pode ter. E olha, parece que ele não é bom nisso.
_ Tá certo, cara. Te encontro. Onde? - perguntei
_ Na praça, perto do açougue.
Olha aí, já começou errado e deu mais uma mancada. Que pessoa em sã consciência dá um açougue como referência?! Que bizarrice.
_ Que horas? - encontros precisam de horários, mesmo que perto de um açougue
_ Amanhã às sete.
Sete. Sete da manhã ou sete da noite? Comecei a repensar o grau de intimidade. Se ele não especificou, é porque conhece o relógio biológico dela. Vai que ela só acorda cedo ou só pode sair à noite? Quando o número é de um a dez se tratando de horário, temos aí duas opções. 
_ Te vejo lá - encontro marcado.
_ Obrigado, linda. Você não vai se arrepender.
Desliguei sem me despedir. Depois pensei se fiz o certo. Mas pelo visto a "Ana" nem tava tão afim assim... já que passou um número que não é dela.
Ele não tentou ligar depois. Nem às sete da manhã e nem às sete da noite. Acho que o fato dela não ter comparecido ao encontro o fez perceber algo que eu nunca vou saber. Talvez tenha seguido em frente. É o que eu espero. 

De qualquer forma, isso foi um caso à parte. É melhor continuar evitando os números desconhecidos.


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