sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Na gaveta

Em meio ao caos da minha última mudança encontrei uma carta que te escrevi há mais ou menos três anos atrás. Fiquei me perguntando se teria feito diferença a entrega. Eu costumo gostar que leiam tudo o que escrevo. Mas aquela, ah! Aquela  carta não podia ser vista por ninguém... já pensou se alguém descobre que eu estava começando a me apaixonar?! Jamais! Precisava manter minha pose de durona e ainda tenho tal necessidade. Mas sabe de uma coisa? Eu gostaria muito de estar vivendo os planos que fiz naquela carta. Não eram planos muito complexos não. Só queria pegar na sua mão, sorrir e conversar sobre assuntos bestas em noites de domingo. Era bem simples até. Eu fico me perguntando se fez diferença ter escondido tudo de você. Não ter aberto o jogo na hora certa e ainda disfarçar até hoje quando deixo meu olhar se demorar sobre você. Fico me perguntando se teríamos sido melhores do que fomos e ainda somos. 

Sabe, ontem eu senti esperança de novo. Esperança de mudar, de sair do lugar, de encarar o novo. Mas aí eu percebi que, em muitas noites, quando eu te encontrava, eu sentia isso. Eu tive mesmo muitos dias de esperança em ter você mais perto e de um modo diferente. Mas o tempo passou. As coisas estão mudando com uma certa velocidade e nós nunca saberemos ao certo o que a vida nos reserva, não é verdade? Queria voltar à aquela carta e tentar viver todos aqueles planos, rapaz. Queria te mostrar como minhas intenções eram legais. Como poderíamos ter vivido grandes momentos nos olhando outra forma.

Hoje, o que eu quero mesmo é tentar ser feliz comigo. Percebo que não há felicidade sem auto aceitação. Tenho lido bastante, como você bem sabe. Vejo filmes e ouço as músicas que mais agradam meus ouvidos. Gostaria de contar que tenho vivido bons momentos com a minha própria pessoa mas que, se ainda der tempo, te aceito aqui do lado.

A carta ficou na gaveta, ainda sem perspectiva de entrega (quem sabe se você pedir com jeito?). Os planos com você estão lá também. Minha mala está pronta e minha alma inquieta por mudança. Faz um trato comigo? Se eu tiver que partir, não deixa o que sinto por você ficar aqui. Faça com que eu o leve comigo aonde for. E assim, quando a vida nos fizer o favor de organizar as coisas, nós seremos felizes. Como amigos, como amantes, como meros conhecidos. Não importa... Com tanto que não fiquemos na gaveta como aquela carta brega que um dia eu te escrevi.


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