domingo, 28 de setembro de 2014

Se eu pudesse voltar no tempo

Me perguntaram certa vez o que eu faria se pudesse voltar no tempo por um dia e qual dia seria esse. 

Não consegui responder. Pensei nos dias ensolarados do meu ensino médio, alguns dias da oitava série, o dia do meu primeiro beijo (que eu mudaria para não ser com aquele cara). Pensei em um dia frio que passei no campo, cheia de palavras que eu poderia ter dito e não disse. Pensei no dia que aceitei namorar com o cara mais legal do mundo pra fazer com que ele soubesse que, pelo menos pra mim, ele era o cara mais legal do mundo. Pensei no dia em que terminamos e que eu não agradeci por cada momento. Pensei no dia que passei no vestibular e tive que escolher entre ficar ou me mudar. Nos vários dias que chorei de saudade em casa ao invés de sair para me divertir. E nos vários (e vários) dias que saí pra me divertir ao invés de ficar quietinha em casa, estudando ou chorando de saudade. Eu pensei, e pensei mesmo, nos poucos pedidos de namoro que não aceitei. E nos dias que não tive coragem de olhar nos olhos da pessoa que eu mais queria encarar. Pensei em dias que desobedeci meus pais e que me feri por isso. No dia da minha formatura. Nos dias que deixei de agradecer e nos dias que só praguejei. Se eu pudesse mesmo voltar no tempo, não dá pra escolher um dia só. Só um entre tantos que eu gostaria de mudar ou viver de novo?! É muita judiação. 

Pensei sobre isso por muito tempo e hoje, finalmente, cheguei a uma conclusão. O fato é que eu tive um sonho, e tudo se iluminou. De todos os dias que passaram na minha mente, nenhum deles eu deveria mudar. Foram exatamente do jeito que deveriam ser e, se não fossem, eu não estaria aqui hoje, como estou. Claro que, pode haver um dia crucial, que se eu mudasse, tudo estaria de uma forma melhor hoje. Mas infelizmente, com esse meu azar, eu jamais conseguiria escolher o dia certo. Ou talvez ele nem exista. Ou quem sabe, pode haver um dia pra eu viver de novo e só acrescentar alguns detalhes...

Então, mesmo com toda essa filosofia, eu acabei escolhendo um dia pra viver de novo. Um domingo escuro, em meados de 2009. Eu sei e sempre guardei a data exata. E como não sou de guardar datas, entendi que guardei essa pois sabia, no fundo no fundo, que um dia me perguntariam sobre "voltar no tempo" e eu saberia exatamente o que dizer.

Então, lá estava eu, em pleno domingo a tarde, rodeada de pessoas estranhas em um lugar super estranho com música estranha, esperando por uma pessoa estranha atrasada. Aguardei pacientemente pois sabia que ele viria. Afinal, havíamos combinado o encontro. Nada de jantar a luz de velas, cinema no shopping ou sorvete na praça. Pra falar a verdade, não era um encontro romântico. Era pra ser só um encontro de amigos. Novos amigos. Duas pessoas que começavam a se conhecer. Mas quando eu o vi chegar, o coração acelerou de uma maneira diferente. Não era entusiasmo, nem adrenalina, nem nervosismo... era algo que até hoje eu não consigo explicar. E é por aí que eu queria começar: sentir de novo aquilo que eu nunca mais senti da mesma forma. Tentar entender, analisar cada segundo. Aí então ele chegaria, abriria o mesmo sorriso e eu o abraçaria novamente. Aquele foi o dia em que senti que o tempo pode parar. Eu gostaria de reviver aquela brincadeira de "estátua". E, morando por um instante naquele abraço, eu sentiria mais uma vez que as coisas nunca mais seriam como antes. Pareceria piegas dizer que me apaixonei. Não foi bem isso. Eu apenas entendi naquele dia que sentiria algo além do meu entendimento e que a possibilidade de não haver nada entre nós não estava sob meu controle. Essa sensação se torna um tanto longe quando nos damos por "maduros"... é como se quiséssemos controlar os sentimentos e acreditássemos piamente que podemos fazer isso. Naquela época eu era imatura, não entendia dessas coisas (não que eu entenda hoje) e foi um tremendo baque sentir algo que eu jamais viria a conseguir explicar. Foi intenso. Reviver aquele momento, ter de novo aquela sensação, seria como procurar um antídoto e não encontrar. Eu não quero uma cura para o que senti e ainda sinto. Até procuraria, mas no fundo não quero. Então, se eu pudesse voltar no tempo, eu prestaria bastante atenção em cada detalhe, para tentar reviver em tempos futuros algo que jamais voltou a acontecer. Vivi momentos parecidos, mas nenhum como aquele ou com "ele" . Eu chegaria em casa nesse mesmo dia e anotaria em um bloco de folhas jogado ao lado da cama, cada mínimo detalhe. E, ah...só mais uma coisa: gostaria de sentir de novo aquele perfume, fechar os olhos e entender definitivamente o porque de um dia tão inesquecível na minha vida. Acho que é isso.


Nenhum comentário: