quinta-feira, 10 de abril de 2014

Nada de rancor!

Para falar bem a verdade, eu não lembro como a conversa começou. E nem mesmo como eu poderia ter conversado com ela ali naquela festa de velhos amigos em comum. Mas, de qualquer forma, foi uma conversa ótima. Sempre bom relembrar os velhos tempos de amizade sincera.

_ Mas já faz quase cinco anos! - ela disse num tô quase simpático e com aquele sorriso torto, a uma certa altura da conversa - Não acredito que você ainda tenha raiva de mim.
_ Bem - tentei argumentar- não é que eu não goste de você, mas desprezo é uma palavra forte, não acha?
_ Como assim? Eu não falei em desprezo!
Continuei, sem tentar entender ou prestar atenção no que ela dizia.
_ Pois é, eu não te desprezo. E não é que eu tenha ódio de você e vontade de socar essa sua cara lesada e desproporcional até ela ficar mais lesada e desproporcional do que ela já é... não é que eu queira vomitar toda vez que alguém me conta algo sobre você ou pronuncia seu nome, nem que eu tenha vontade de entrar no seu apartamento e colocar fogo nas suas coisas... não, não! Ninguém aqui tá falando em fogo. Calma aí. Vamos ser sensatos e agir como pessoas civilizadas. Eu nunca disse que quero ver você morrendo enforcada em uma árvore antiga, se debatendo como uma demente dos infernos. O que de fato você sempre foi. Sua demente dos infernos.

De repente, não sei por que, ela parou de falar.
Mas aí eu continuei sorrindo como no começo da conversa e dei uns três ou quatro tapinhas nas costas dela, como quem diz "desejo tudo de bom pra essa sua vida aí".

Vocês sabem, eu não sou de guardar rancor. 




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