quinta-feira, 3 de julho de 2014

Véi, na boa!

Dia desses fui contratada para fazer o cerimonial de uma festa super requintada de aniversário e me deparei com uma reflexão levemente improvável. Bom, o fato é que observando as crianças da festa que obviamente estavam em uma área separada dos adultos, tratando de inventar suas próprias brincadeiras para espantar o frio e o tédio, ouvi a menina mais velha, aparentemente com seus treze anos, chamando a menina mais nova, com oito, de "véi". De repente me vi ali, com meus colegas do colégio, no início dos tempos dessa gíria. Ah uns, sei lá (fingindo que não sei), mais ou menos dez anos atrás (sendo bem legal)? E propositalmente me dei conta de que falo até hoje, que tenho muitos amigos que falam, que os meus pais falam, que o meu irmão fala, que os meus colegas de trabalho falam, que muita gente fala pela rua e que até no cinema nacional eu já vi uma versão melhorada para "velho" (mas que não deixa de ser um "véi" humildemente disfarçado, até porque, todos sabemos muito bem que essa é a origem da gíria).
O tempo passou, e falar "véi" não te deixa com a sensação de que alguém vai rir ou te achar descolado. O "véi" é um "você" para amigos, um substantivo-adjetivo que acabou se adaptando as gerações, se esquivando para sobreviver em meio aos risos debochados de quem dizia não ser uma pessoa de idade para que fosse chamado assim. Não sei quanto as demais regiões do país, mas em Minas o "véi" tem o seu reinado. E além de se tornar meme e mito, olhem como ele também já tem até um espacinho no dicionário (mesmo que informal): clica aqui, véi!
Confesso que quando essa moda completou alguns anos, cheguei a acreditar que não duraria mais. Porém, algumas substituições foram disfarçadamente rejeitadas pelos adeptos do "véi". Falar "mano", "brother", "fi" e até "viado" foi um tremendo fracasso. E o "véi", mesmo que não conhecido por ele, já vai se tornando uma expressão do "tempo do Onça" embora comumente utilizada.
A questão é que o "véi" se tornou a barata na biologia das gírias, o diamante na geologia dos jargões, uma estalagmite na espeleologia das novas palavras. E véi, na boa... será que as futuras gerações vão pegar isso também? Será que os "véis" vão mesmo se tornar velhos e continuar falando? QUEM VIVER VERÁ! 

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