Ele,
que tantas vezes suplicou por silêncio, ontem teve pesadelos e
vagava pelo apartamento vazio às três da manhã, se incomodando com
o motor da geladeira.
Só
queria ela ali.
Ela
e aquela mania idiota de rir dos defeitos dele sem nunca o deixar
envergonhado.
Ele
tinha certeza de que ela riria dele naquele momento.
E
é isso que o fazia a querer ali.
Será
que ela conseguiria fazer uma mudança? Ele ajudaria a carregar as
caixas.
Ficou
com saudade de dividir algumas coisas que eu só dividia com
ela.
A
boca da garrafa de cerveja, o talher, o sofá, a TV, o degrau da
escada, o travesseiro, a cama de solteiro.
Enquanto
vagava, ele se odiava.
E
ela iria rir tanto dele que ele se questionava o porque de se odiar
assim, já que ela conseguia o fazer rir até quando estava triste.
Ele
se odiava por conta dessa mania inquieta de sempre querer ir embora
dos lugares. Lembrou do dia que quis ir embora de onde morava,
perguntou sua opinião e ela espondeu sem titubear um grande e belo
“vem pra cá".
Será
que ainda dava tempo?
Sabe,
ela ainda o aceitaria?
Ele
sentia saudade!
Será
que precisaria vagar de novo?! Queria tanto que ela o
aceitasse.
Quanto
tempo? Quis saber. Iria riscar o calendário.
A
esperava para uma visita na próxima semana.
Mas
teve medo de ainda precisar esperar mais de um mês, dois ou três.
Teve
medo de ter que esperar uma década talvez.
Porque
ele sentia uma puta vontade de ir embora de novo.
Mas
dessa vez queria ir embora de si.
Será
que ela o aceitaria?
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