"Do lado de cá eu vivo tranquila e o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar..."
Foram quase cinco anos.
Cinco anos decifrando as ladeiras dessa cidade tão carregada de mistério e me perdendo e me encontrando dentro das minhas próprias ladeiras. Cheguei para cursar a tão sonhada Universidade Federal. Cheguei para "finalmente" sair de casa. Cheguei menina ainda, com uma mala de roupas e uma caixa de suprimentos alimentares. Cheguei de moletom, tênis e travesseiro. Precisei tirar coragem do fundo da alma pra enfrentar cada novo obstáculo e cada novo olhar. Fiz amigos. Ri até a barriga doer. Aprendi o que é conviver. Dividi sofá, cama, guarda-roupa e alegrias. Aprendi a não ter hora pra voltar pra casa. A ter cuidado. A pedir mais uma rodada. Tive que enfrentar o mofo com antialérgicos e chás de alho. Enfrentei o medo ao não mostrar o que sinto. Enfrentei também a neblina, a chuva e o sol, todos em um só dia. Perdi a hora, a matéria, perdi amores. Ganhei mais um minuto, conhecimento e paixões. Ganhei um novo nome, um novo jeito, uma nova personalidade. Eu vi filmes de terror, de comédia, de romance. Li ficção, aventura e quadrinhos. Chorei lágrimas de saudade. Aprendi a lavar roupa, banheiro e varanda. Entendi que a República Serena não era só uma casa para dividir contas e sim uma família para cuidar e cultivar sempre. Liguei pra minha mãe, pro meu pai e pros amigos então distantes. Amei todos que deixei pra trás, inclusive quem também me deixou. Amei os que tinha por perto e os que se faziam sempre presentes. Abracei forte. Olhei nos olhos e desviei olhares. Dormi sem ter hora pra acordar. Dormi só uma hora pra descansar. Não dormi...
Entendi o que é passar vontade e o que é saciar uma vontade. Liguei chorando e pedindo pra voltar. Liguei sorrindo dizendo que tudo ia bem. Amei amores inexplicáveis e vi muita coisa maluca por aí. Me distraí. Me concentrei. Me amei e me odiei. Lidei com a mais silenciosa solidão e com a multidão tumultuada. Vi e revi valores. Extravagâncias e minimalismos. Vivi cada segundo, pedindo para que a noite não terminasse. Me frustrei cada minuto, implorando para que tudo se acabasse logo. Convivi e me deparei com o máximo e o mínimo de mim e dos que escolhi para estar junto. Amei e odiei pessoas. Entendi com o passar do tempo que crescer dói, mas que é inevitável fazê-lo. Aprendi que devo e posso dar cada passo com um sorriso no rosto, de peito aberto e cabeça erguida. Que nem sempre o tempo cura de verdade e que é preciso muito tempo para entender isso. Me superei e sorri para coisas que só eu compreendia. Ouvi desabafos e desabafei. Estudei, escrevi, cozinhei, dancei e cantei. Comi e bebi coisas pela primeira vez, ouvi músicas novas, experimentei sensações que até então só ouvia falar e conversei com pessoas de todos os lugares do mundo. Trabalhei e tive a indescritível sensação de pagar com meu próprio dinheiro e de finalmente dar o valor correto ao que me foi dado até então.
Entendi que só quando temos nossos pais longe é que os valorizamos verdadeiramente. O amor é o mesmo, mas o valor é inestimável e o crescimento doloroso sem eles por perto. (Aliás, pai e mãe, muito obrigada por tudo!)
Durante quase cinco anos eu aprendi, definitivamente, que a felicidade não é um lugar a se chegar e sim um caminho a percorrer. Que amar é fantástico e sofrer, muitas vezes inevitável. Que é preciso dar valor ao que sou e ao que faço por mim antes de me arriscar em fazer algo por alguém que penso gostar. E é preciso também muita coragem para cuidar de alguém e demonstrar sentimentos verdadeiros.
Hoje, mais uma vez precisarei deixar pra trás coisas que construí, pessoas que conquistei e lugares que me encantei para partir em busca de mais uma jornada.
Ouro Preto deixará uma saudade imensurável e a certeza de que voltarei sempre de coração aberto.
A gratidão por essa cidade e por todas as pessoas que passaram pelo meu caminho transparecerá a cada novo passo dado e a cada obstáculo enfrentado.
Nem tudo foram ou serão flores, mas continuarei regando o meu jardim da melhor maneira possível.
Muito obrigada Ouro Preto, por fazer da minha, mais uma história prazerosa de se ouvir e de se contar.
Entendi o que é passar vontade e o que é saciar uma vontade. Liguei chorando e pedindo pra voltar. Liguei sorrindo dizendo que tudo ia bem. Amei amores inexplicáveis e vi muita coisa maluca por aí. Me distraí. Me concentrei. Me amei e me odiei. Lidei com a mais silenciosa solidão e com a multidão tumultuada. Vi e revi valores. Extravagâncias e minimalismos. Vivi cada segundo, pedindo para que a noite não terminasse. Me frustrei cada minuto, implorando para que tudo se acabasse logo. Convivi e me deparei com o máximo e o mínimo de mim e dos que escolhi para estar junto. Amei e odiei pessoas. Entendi com o passar do tempo que crescer dói, mas que é inevitável fazê-lo. Aprendi que devo e posso dar cada passo com um sorriso no rosto, de peito aberto e cabeça erguida. Que nem sempre o tempo cura de verdade e que é preciso muito tempo para entender isso. Me superei e sorri para coisas que só eu compreendia. Ouvi desabafos e desabafei. Estudei, escrevi, cozinhei, dancei e cantei. Comi e bebi coisas pela primeira vez, ouvi músicas novas, experimentei sensações que até então só ouvia falar e conversei com pessoas de todos os lugares do mundo. Trabalhei e tive a indescritível sensação de pagar com meu próprio dinheiro e de finalmente dar o valor correto ao que me foi dado até então.
Durante quase cinco anos eu aprendi, definitivamente, que a felicidade não é um lugar a se chegar e sim um caminho a percorrer. Que amar é fantástico e sofrer, muitas vezes inevitável. Que é preciso dar valor ao que sou e ao que faço por mim antes de me arriscar em fazer algo por alguém que penso gostar. E é preciso também muita coragem para cuidar de alguém e demonstrar sentimentos verdadeiros.
Hoje, mais uma vez precisarei deixar pra trás coisas que construí, pessoas que conquistei e lugares que me encantei para partir em busca de mais uma jornada.
Ouro Preto deixará uma saudade imensurável e a certeza de que voltarei sempre de coração aberto.
A gratidão por essa cidade e por todas as pessoas que passaram pelo meu caminho transparecerá a cada novo passo dado e a cada obstáculo enfrentado.
Nem tudo foram ou serão flores, mas continuarei regando o meu jardim da melhor maneira possível.
Muito obrigada Ouro Preto, por fazer da minha, mais uma história prazerosa de se ouvir e de se contar.
"Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem, essa é a coisa mais pura!"